Produção e Reprodução Bovina: o que você precisa saber para ter sucesso na área?

produção e reprodução bovina

Não é novidade que a área da reprodução bovina está ganhando cada vez mais espaço na economia. Isso porque, hoje, o Brasil possui o maior rebanho comercial do mundo. Inegavelmente, boa parte do PIB do país está atrelado à produção de carne e leite. Diante desse cenário, a procura por profissionais que dominem técnicas de produção e reprodução bovina é grande. Afinal, os pecuaristas buscam pela maior eficiência e excelentes resultados.

Nesse sentido, não basta apenas querer. É preciso que o médico veterinário esteja de fato preparado para entender a cadeia produtiva da bovinocultura brasileira. Assim, poderá estabelecer as biotécnicas reprodutivas mais eficientes.

Para entender um pouco mais sobre os  aspectos e técnicas fundamentais para atuar na produção e reprodução bovina, leia este artigo até o final! Aqui vamos abordar as seguintes questões: 

  • O trabalho com produção e reprodução bovina
  • Biotécnicas Reprodutivas: Palpação Retal, Inseminação Artificial, Inseminação Artificial em Tempo Fixo, Aspiração Folicular, Transferência de Embriões, Diagnóstico Gestacional precoce, sexagem fetal. 
  • Etapa de produção
  • Desafios e potencialidades da área
  • Como se especializar. 

Esperamos que faça uma ótima leitura! 

O trabalho com produção e reprodução bovina

Um dos principais desafios do médico veterinário que trabalha com a bovinocultura é aumentar a eficiência reprodutiva. Ou seja, produzir mais bezerros, diminuir o tempo de desmame e atingir o peso para o abate mais cedo. Assim como na bovinocultura de leite, o objetivo é aumentar a quantidade de litros produzidos por vaca ao ano. 

Para tanto, é preciso compreender a relação existente entre a nutrição animal, sanidade, seleção genética e aplicação das técnicas reprodutivas. Tudo isso para obter o nível máximo de aproveitamento genético do rebanho. E, para isso, é preciso um bom planejamento e a correta execução das biotécnicas reprodutivas.

Biotecnologias reprodutivas

Alcançar a eficiência reprodutiva é fundamental para ter um bom desempenho na reprodução e produção bovina. Tanto de corte como de leite. No entanto, antes de decidir qual o momento ideal para submeter uma vaca ao processo reprodutivo, é ideal conhecer a fundo todas as biotécnicas e identificar qual é a mais indicada em cada caso. A seguir, confira as principais ações de manejo reprodutivo.

1. Palpação retal

A palpação retal é a técnica base para a aplicação das demais biotécnicas reprodutivas. Este exame serve para verificar a anatomia interna dos órgãos reprodutivos, assim como observar o estágio do ciclo estral no qual a vaca se encontra. É neste momento que é possível observar a presença do corpo lúteo, glândula que é essencial para a liberação do óvulo, e o seu tamanho que indica o melhor momento para a inseminação. 

Outra aplicação importante da palpação retal é o diagnóstico gestacional, ainda que mais tardio, e a confirmação da viabilidade fetal. 

2. Inseminação artificial

A inseminação artificial é uma biotecnologia realizada a partir do depósito de sêmen de um touro doador diretamente no útero da fêmea. Dessa forma substitui a monta natural para a concepção do bezerro.

Uma de suas principais vantagens é promover, de forma rápida, o melhoramento genético do rebanho, pois padroniza os animais de acordo com as características desejadas por cada produtor. Além disso, possibilita a comercialização de material genético de animais de qualquer lugar do país e ainda evita acidentes comuns na hora da monta natural. 

O passo a passo para realizar esta técnica consiste em:

  • identificar o cio das vacas;
  • separar os animais que serão inseminados;
  • higienizar o animal;
  • retirar o sêmen do botijão de armazenamento com cuidado;
  • descongelar o material na água a uma temperatura de 37° por 30 segundos;
  • depositar o sêmen no útero da fêmea.

Todas essas etapas são extremamente delicadas e exigem precisão. Por isso, o médico veterinário precisa estar devidamente treinado para realizar tais passos.

3. Inseminação artificial em Tempo Fixo (IATF)

A Inseminação Artificial em Tempo Fixo tem como objetivo inseminar um grande número de animais em um único período sem que haja a observação do ciclo estral (ponto fraco da inseminação artificial tradicional).

A ideia é sincronizar os períodos férteis das fêmeas bovinas para um mesmo período do ano. Desse modo, a ideia é reduzir o tempo entre os partos e concentrar em uma única época do ano. Para a IATF ter bons resultados, é importante  inseminar o maior número de animais em horários com uma boa taxa de concepção, como no início da manhã ou da noite. 

Com este método há uma diminuição do tempo ocioso da vaca na fazenda e ela passa a produzir um bezerro por ano.

Para que haja essa sincronização dos cios, o médico veterinário utiliza hormônios e fármacos que não prejudicam a saúde do rebanho, uma vez que são semelhantes à substâncias produzidas pelo próprio animal ao longo do ciclo reprodutivo.

Assim, para alcançar bons resultados com essa biotécnica é necessário seguir alguns protocolos, que são:

  • manter um controle sanitário eficaz;
  • cuidar do pós-parto das fêmeas para que a recuperação seja rápida;
  • realizar o manejo nutricional eficaz para o desempenho nutritivo;
  • Fazer controle rigoroso de fertilidade, descartando animais inférteis ou subférteis.
  • Fazer o monitoramento do ciclo estral assim como o desenvolvimento do corpo lúteo; 
  • Identificar o momento exato da ovulação para que a taxa de concepção seja melhor. 

4. Aspiração Folicular para FIV

A aspiração folicular é uma biotécnica reprodutiva avançada que tem como objetivo retirar os óvulos imaturos dos ovários das vacas com o auxílio de um ultrassom. Esses óvulos são utilizados na produção in vitro de embriões que, posteriormente, serão implantados em uma fêmea receptora. 

O objetivo é aumentar o número embriões produzidos a partir de uma mesma doadora, normalmente com características genéticas desejáveis ao rebanho. Com isso, a Aspiração folicular visa manter a alta qualidade genética dos bezerros e melhor aproveitamento das fêmeas que,em situações normais produziriam apenas 1 bezerro por ano. Além disso, possibilita a obtenção de animais descendentes mesmo quando já não são adequadas para a gestação (vacas mais velhas ou com histórico ruim)

5. Transferência de Embriões em Bovinos

A transferência de embriões (TE) é também uma biotecnologia reprodutiva para produzir descendentes com características genéticas superiores. A TE consiste em estimular a produção de óvulos em uma fêmea doadora. Normalmente a fêmea doadora apresenta bom potencial genético e suas características serão transmitidas aos seus descendentes. 

Quando esses óvulos estiverem no estágio adequado de desenvolvimento, ele será fecundado a um espermatozóide de um macho de características também desejáveis, normalmente via inseminação artificial. Depois dessa etapa, o embrião deve se desenvolver por um período pré-determinado e, em seguida, aspirado e implantado na fêmea receptora. 

É importante destacar que as fêmeas receptoras também devem ser criteriosamente avaliadas, quanto às suas características reprodutivas assim como o seu estado de saúde e escore corporal Essas devem ser avaliadas quanto às suas qualidades reprodutivas.

A principal vantagem da TE para a reprodução bovina é a possibilidade de uma mesma fêmea bovina produzir um número maior de descendentes já que, com a monta natural, ela só poderia gestar 1 bezerro por ano, enquanto que com a TE pode chegar a 10. Como resultado, cresce o rebanho com características genéticas adequadas ao objetivo do produtor.

6. Diagnóstico gestacional precoce

A realização do diagnóstico de gestação precoce é bastante utilizada na reprodução bovina para identificar o sucesso da aplicação de biotécnicas para a obtenção de mais bezerros. Ela pode ser feita a partir de 45 dias com a palpação retal. 

Com o auxílio da ultrassonografia básica, é possível observar a presença ou não de embrião em aproximadamente 29 dias após a inseminação. Já em métodos mais avançados de ultrassonografia, com a função doppler, o médico veterinário consegue identificar a gestação a partir do 19° dia de gestação.

É importante ter esse programa de diagnóstico gestacional na reprodução bovina para que o profissional possa se planejar melhor quanto ao manejo do rebanho. Além disso, quanto antes for identificada a falha na concepção, mais rápido a vaca poderá retornar ao serviço e ser inseminada novamente, reduzindo assim as chances de perder a produção. 

Além disso, por meio do diagnóstico gestacional também é possível identificar anomalias na gestação ou mesmo casos de freemartinismo. Com isso, o médico veterinário terá informações suficientes para adotar as melhores estratégias de manejo para aquela propriedade. 

7. Sexagem fetal

A realização da sexagem fetal tem sido bastante utilizada no manejo reprodutivo de bovinos. A identificação do sexo do embrião é útil principalmente para comercialização de fêmeas receptoras com prenhez de um determinado sexo. Além disso, determinadas produções tem preferência por um sexo em detrimento do outro, como é o caso das fazendas de leite que optam pela criação de fêmeas. Em muitos casos, ao identificar uma prenhez do sexo indesejado, ela é interrompida e a vaca retorna aos programas reprodutivos mais uma vez. 

É possível observar estruturas definidoras do sexo na linha média entre os membros posteriores a partir de, mais ou menos, o 50º dia de gestação com o auxílio da ultrassonografia. No entanto, somente depois do 55º é possível enxergar com clareza a diferenciação. A partir de, em média, 70 dias de gestação, a posição do feto impede uma boa realização. Já no final da gestação, o sexo do bezerro poderá ser identificado por meio da ultrassonografia transabdominal. 

Produção de Bovinos: Manejo nutricional e sanitário

Por mais que as técnicas de reprodução bovina sejam essenciais para o desempenho eficiente do rebanho, é essencial saber também que a etapa de produção é fundamental para garantir uma atividade lucrativa. 

Portanto, só é possível alcançar o máximo desempenho do rebanho com a junção de manejo reprodutivo, manejo nutricional e manejo sanitário . Mais do que isso, é recomendado que o médico veterinário também tenha conhecimento avançado em:

  • manejo adequado de pastagens;
  • bem-estar animal;
  • confinamento;
  • formulação de dietas e ração;
  • morfologia e eficiência reprodutiva.

Manejo Nutricional

O primeiro passo é conhecer as exigências nutricionais de cada animal.  Animais de leite e corte possuem exigências bastante diferentes ao longo da vida. Sendo assim, é fundamental, saber a  quantidade diária de cada nutriente que o animal deve ingerir para sua manutenção, crescimento, reprodução e produção. 

Além disso, a exigência nutricional de cada animal varia de acordo com diversos fatores como: raça, peso vivo, idade, fatores ambientais, categoria, estado fisiológico ou nível de produção desejada. 

Sendo assim, a nutrição de uma vaca em lactação e uma não lactante, ou de uma novilha e um garrote, por exemplo, são bastante diferentes. Por isso, até mesmo dentro da mesma categoria é preciso separar os animais de acordo com as fases que se encontram e suas necessidades específicas. A partir disso e levando em consideração os objetivos do sistema produtivo, é que será possível elaborar uma boa estratégia nutricional. 

De modo geral, as exigências gerais do bovino são de água, minerais, proteínas, energias, vitaminas e alguns nutrientes como as fibras. Estes últimos são fundamentais para o bom funcionamento do sistema digestório e não podem ficar de fora da dieta. 

Manejo sanitário

O manejo sanitário está ligado a manutenção da sanidade animal, que garante bom 

desempenho na criação de gado e consequentemente com a rentabilidade do negócio. Quando o animal não está com a saúde em dia,  não vai expor seu máximo potencial genético ou manter seu valor zootécnico e comercial, o que diminui a qualidade e a quantidade da produção.

Para manter os animais saudáveis e produtivos é preciso investir em diversas práticas de manejo que influenciam diretamente na sanidade animal do rebanho. Desse modo, proporcionar o bem-estar e a qualidade de vida do rebanho, além da prevenção, controle e erradicação de doenças.

Algumas das principais estratégias adotadas são: 

  • Manter os animais livres de medo e estresse;
  • Garantir que não passem fome e sede, investindo em um bom manejo alimentar e nutricional;
  • Investir no conforto e bem-estar dos animais, mantendo-os livre de dor, injúrias e doenças, sempre que possível;
  • Manter boas práticas de vacinação.

Então, ao cuidar da sanidade adequadamente é possível aumentar a eficiência produtiva e diminuir as perdas e custos de produção. Pensando da porteira para fora, a sanidade animal é importante para a comercialização e obrigatória para a defesa sanitária.

Demanda por profissional especializado

A mudança nos padrões de exigências de produção impulsionou a demanda por profissionais especializados na área de produção e reprodução bovina. Para suprir essa lacuna é necessário o conhecimento para identificar os principais problemas, principalmente para estabelecer novas estratégias para aumentar a eficiência. Entretanto, nem todo médico veterinário dispõe deste conhecimento.

Nesse sentido, fazer uma pós-graduação é um excelente caminho para quem almeja aprofundar seus conhecimentos e garantir boas oportunidades de trabalho. Aliás, já foi o tempo em que ter um diploma de graduação era o bastante O  mundo mudou e o mercado profissional está cada vez mais competitivo. Ademais, fazer uma pós-graduação traz inúmeros benefícios para carreira tais como:

  • supre a demanda por especialização, ampliando e aprofundando os conhecimentos adquiridos na graduação;
  • alta qualificação  para lidar com situações práticas do dia a dia;
  • atualização com modernas técnicas da medicina veterinária;
  • mais crescimento profissional;
  • treinamento prático;
  • ampliação do networking a partir do contato com renomados professores da área e com os colegas.

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Fonte: CPT Cursos Presenciais