Cisto ovariano em bovinos: o que é e como identificar?

Cisto ovariano em bovinos

O cisto ovariano em bovinos é uma desordem reprodutiva que acomete vacas, tanto de corte quanto de leite e pode prejudicar que se obtenha eficiência no processo. 

De modo geral, com o aumento da capacidade reprodutiva de fêmeas bovinas, ou seja, redução do tempo que permanecem secas, pode haver um crescimento de problemas relacionados à reprodução. Quando não são resolvidos, acabam reduzindo as taxas de concepção. Além de atrasos na primeira ovulação pós-parto, redução na duração ou intensidade do estro e até a ocorrência de partos gemelares. Um desses problemas é a ocorrência do cisto ovariano em bovinos. 

Mais do que prejudicar o retorno ao estro, a vaca que apresenta essa condição pode desenvolver comportamento anormal e até mesmo se tornar estéril. Desse modo, haverá prejuízo para produtor. 

Para evitar as consequências do cisto ovariano sejam irreversíveis, o diagnóstico precoce e a escolha adequada do tratamento são essenciais. Neste artigo você irá entender um pouco mais sobre essa condição, suas consequências, formas de diagnóstico e tratamento. Confira! 

O que é o cisto ovariano em bovinos?

O cisto ovariano em bovinos, também conhecido como doença ovariana cística, degeneração ovariana ou vacas císticas, é uma condição bastante comum em rebanhos de todas as raças. Mas, pode ser mais comum em vacas leiteiras, devido ao tipo de manejo adotado no pós parto. 

De modo geral, o cisto ovariano em bovinos pode ser classificado como os folículos que não foram liberados durante a ovulação. Entretanto, que continuam crescendo até alcançar o diâmetro de 20 a 25 mm aproximadamente. Esse cisto pode persistir por pelo menos 10 dias, quando não haverá desenvolvimento do corpo lúteo. Essa condição pode acontecer de forma isolada ou múltipla em um ou nos dois ovários ao mesmo tempo. 

É importante destacar que os cistos são formados devido a falhas no processo fisiológico de regulação da ovulação, que envolve uma comunicação hormonal entre Hipotálamo, Hipófise (Pituitária) e Ovários, chamado eixo reprodutivo. Assim, nas vacas císticas, o estradiol não consegue estimular o hipotálamo a liberar GnRH. Consequentemente, não há pico de LH e ovulação.

Em animais com presença de cistos foliculares e concentrações anormais de progesterona, é comum o aparecimento de novos cistos, que muitas vezes substituem os cistos mais velhos. Esse fenômeno é chamado de “turnover”.

É importante ressaltar que a maior ocorrência de cisto ovariano folicular se dá entre 30 e 60 dias após o parto. A alteração pode ser encontrada em vacas de alta produção durante os três primeiros meses de verão. Entretanto, há uma maior frequência quando o útero sofre um atraso na involução pós parto. Com isso,  as modificações uterinas favorecem a formação de cistos. 

Mas, causas exógenas também podem estar associadas ao surgimento do cisto ovariano em bovinos. Alguns dos principais são: 

  • tuberculose;
  •  perturbações metabólicas e digestivas;
  •  fasciolose intensa; 
  •  distúrbios puerperais; 
  •  estresse ambiental; 
  • alta densidade populacional; 
  • excessivo manejo durante o período pré-cobertura 

Sinais mais frequentes

A presença de cisto é frequente associada ao comportamento ninfomaníaco da vaca. Na prática, isso significa que vacas císticas apresentam cios irregulares e às vezes constantes, com manifestação mais acentuada. Mas, o que é mais frequentemente notado são animais que não manifestam comportamento estral. Nesse caso, a patologia é diagnosticada a partir do exame ginecológico de rotina de animais vazios. Ou, também, no diagnóstico de gestação. 

A maioria dos animais com presença de cistos apresenta concentrações anormais de progesterona na circulação sanguínea, o que provavelmente interfere na capacidade do estradiol estimular o hipotálamo a liberar GnRH.

Para a remoção dos cistos é interessante eliminar o turnover entre eles. Em vacas císticas existem células produtoras de progesterona na parede folicular, o que leva aos níveis anormais de progesterona na circulação. Com isso, há formação dos novos cistos. Porém, a origem do primeiro cisto ainda não está completamente definida.

Como diagnosticar a condição? 

O diagnóstico do cisto ovariano em bovinos deve partir da anamnese do exame clínico feito na avaliação reprodutiva da fêmea. O médico veterinário precisa ter um histórico constante ou frequente do estro da fêmea avaliada. Esse relatório deve conter anotações da frequência e tempo de duração dos intervalos.

A palpação retal também é importante para que o examinador possa sentir a presença do cisto e a ausência do corpo lúteo.

Nessa situação, a ultrassonografia veterinária é essencial para determinar com precisão a existência da formação cística no interior dos ovários da fêmea bovina. Além de perceber a presença ou não de folículos e corpo lúteo, também consegue demonstrar o tamanho do cisto. Também permite fazer a diferenciação entre um único cisto grande e vários cistos menores.

O exame deve ser feito por um médico veterinário experiente por meio de um transdutor linear retal ajustado para a frequência ideal nesses casos.

Como é feito o tratamento? 

Não é possível prevenir a ocorrência de cisto ovariano em bovinos, uma vez que ainda não se sabe ao certo quais são os fatores envolvidos em sua formação inicial. Portanto, a melhor maneira de reduzir os prejuízos causados pelo problema é o rápido diagnóstico e o tratamento. 

A avaliação reprodutiva periódica das vacas permite uma identificação das estruturas císticas, facilitando a tomada de decisão quanto ao tratamento a ser empregado para eliminação da condição.

O tratamento dos cistos ovarianos normalmente é baseado na administração de GnRH, que elimina a capacidade funcional do cisto. Para se evitar a formação de um novo cisto após a administração de GnRH, é interessante a aplicação de prostaglandina F2α, que elimina as células produtoras de progesterona. Também é indicado administração de uma nova dose de GnRH ou Estradiol, que induz a uma nova ovulação. Em resumo, para o tratamento de cistos foliculares indica-se a utilização de um protocolo de sincronização de ovulação. Medidas profiláticas também são importantes para diminuir o impacto dos cistos ovarianos na fertilidade.

A eficiência reprodutiva é um dos principais indicadores de sucesso na produção bovina. Afinal, leva a um maior número de partos ao ano, acelerando a renovação do rebanho e melhoramento genético.

Nesse sentido, o cisto ovariano em bovinos afeta diretamente a a eficiência reprodutiva causando uma interrupção na ovulação, aumentando o intervalo entre partos e, consequentemente, promovendo grandes perdas econômicas para o produtor. Portanto, saber identificar o problema logo no início é um diferencial. 

Para isso, invista em um equipamento de ultrassonografia ideal para bovinos e em conhecimento na área. Conheça o Cenva Pós-Graduação em Reprodução e Produção Bovina. 

Fonte: Universidade Castelo Branco e Rehagro

Bovinos

Atualizado em: 2 de dezembro de 2021